El Cid – A tragicomédia da Vingança, ou: Quando o Amor e a Honra nascem do Orgulho e da Hipocrisia

Cenas do drama homônimo de Pierre Corneille. Paris, 1637 d.C.

Tradução de Marcelo Consentino

I. O Insulto – Ato Io, Cenas 3 a 6

No Século XIo, o jovem Don Rodrigo Díaz de Vivar – que se tornará futuramente o maior herói de guerra castelhano, sob a alcunha de El Campeador, “O Grande Guerreiro”, para os espanhóis, e El Cid, “O Senhor”, para os mouros – apaixona-se por Jimena ou Chimena Gomes, que, correspondendo ao seu amor, solicita ao pai, o Conde de Gomes, que conceda sua mão em casamento. O Conde, conhecendo o valor de Rodrigo, aceita de bom grado, mas logo, para seu desgosto, recebe a notícia de que o velho Don Diego de Vivar, pai de Rodrigo e  antigo capitão do exército real, recebeu do Rei o cargo que ele almejava, o de tutor ou governador do príncipe. Os dois então se encontram face a face:

O CONDE
Enfim vós vencestes, o favor que o rei deu
Vos eleva ao posto que devia ser meu:
Vos faz governador do filho em Castilha.

DON DIEGO
Esta honra que dá a minha família
Mostra que é justo, e a todos faz saber
Que os bons serviços sabe reconhecer.

O CONDE
Grandes serão os reis, mas são o que
        somos:

Podem ser enganados como todos já fomos;
Tal escolha prova a todo cortesão
Que sabem pagar mal a mercê que lhes dão.

DON DIEGO
Deixai tal escolha que vos dá tormento;
Mais do que favor, foi merecimento;
Ao poder absoluto devemos o respeito,
De nada desdizer do que diz ser direito.
Somai outra honra à que ele me deu;
Uni num sacro nó vosso tronco ao meu:
Tendes uma só filha, eu um filho comigo;
Seremos, se casam, um do outro
        amigo:

Fazei-nos a graça de fazê-lo genro.

O CONDE
Partidos mais altos tal filho deve mirar;
E esta nova luz de vossa dignidade
Infla seu coração com outra vaidade.
Exercei-a, Senhor, em vosso governado:
Mostrai como se há de reger um estado,
Abalar os povos sob sua lei bem cedo,
Encher os bons de amor e os maus de medo.
Uni tais virtudes às de um capitão:
Mostrai quanto deve pesar na punição,
No labor de Marte vencer seu vassalo,
Passar dias, noites, sempre a cavalo,
Repousar armado, forçar as muralhas,
E dever só a si vencer as batalhas.
Dai-lhe o exemplo, tornai-o perfeito,
Dando-lhe aos olhos por lição vosso feito.

DON DIEGO
Pra tomar exemplo, apesar da inveja doída,
Há de ler somente minha história de vida.
Lá, na longa trama das mais belas ações,
Verá como fazer pra domar as nações,
Atacar um lugar, compor um batalhão,
E com grandes glórias fazer reputação.

O CONDE
Os exemplos vivos são dum outro poder;
Um príncipe num livro aprende mal seu dever.
E que sobrou no fim dessas temporadas
Que vença uma só de minhas jornadas?
Se fostes valente, o sou no momento,
Meu braço é do reino o firme fundamento.
Granada e Aragão tremem se meu aço brilha;
Meu nome é baluarte de toda Castilha:
Sem mim, sucumbiríeis logo a outras leis,
E teríeis logo vossos rivais por reis.
Cada dia, cada instante, pra elevar minha
        glória,

Põe lauréis sob lauréis, vitória sob vitória.
O príncipe comigo nos combates faria
À sombra de meu braço sua prova de valentia;
Vendo-me triunfar veria como vencer;
e para se tornar logo quem deve ser,
Veria…

DON DIEGO
…… Sei que servis ao rei muito bem, sim,
Eu vos vi combater e comandar sob mim.
Se minha idade fez meu vigor gelar,
Vosso raro valor bem tomou meu lugar;
Para poupar, enfim, vosso tempo e o meu,
Direi que sois hoje o que ontem fui eu.
Vedes de todo modo que nesta competição
Um monarca entre nós faz uma distinção.

O CONDE
Tomastes a glória que devia ser minha.

DON DIEGO
Quem a ganhou de vós mais mérito tinha.

O CONDE
Quem bem a cumpriria é seu dono real.

DON DIEGO
A recusa porém não é um bom sinal.

O CONDE
Vencestes com ardis, sendo velho cortesão.

DON DIEGO
Só tive a favor minha reputação.

O CONDE
Falemos às claras, o rei honra vossa idade.

DON DIEGO
O rei, ao fazê-lo, a mede à hombridade.

O CONDE
E por ela tal honra caberia a meu braço.

DON DIEGO
Quem não a obteve aceite o fracasso.

O CONDE
O fracasso! Eu?

DON DIEGO
……………. Vós.

O CONDE
……………….. Tamanha ofensa,
Estúrdio velhote, terá recompensa.

(Ele lhe dá um tabefe.)

DON DIEGO
Vai, toma-me a vida após tal desgosto,
Primeira da raça a corar assim o rosto.

O CONDE
E que pensas fazer com tua debilidade?

DON DIEGO
Ó Deus! minha força do braço se evade!

O CONDE
Tua espada é minha; mas ficarias vão,
Se este vil troféu pesasse minha mão.

Vai: dá ao príncipe, apesar da inveja doída,
Para lhe instruir, os feitos da tua vida:
Duma fala tola a justa punição
Não lhe há de servir como decoração.

(Sai.)

DON DIEGO
Ó raiva! desespero! velhice infensa!
Já não vivi demais pra tamanha ofensa?
E não embranqueci nos feitos guerreiros
Para ver meus lauréis murcharem tão ligeiros?
Meu braço, que toda Espanha gloria,
Meu braço, que salvou sua soberania,
Que o trono do rei tanta vez suportou,
Trai minha querela, nada faz por quem sou?
Ó cruel lembrança da glória passada!
Obra de tantos dias num só dia apagada!
Nova dignidade, fatal à felicidade!
Precipício alto donde cai a hombridade!
Hei de ver em tal luz este conde vencer,
Morrer sem vingança, na vergonha viver?
Conde, sê do príncipe doravante tutor:
Tão alta posição exige alto
        ardor;

E teu zeloso brio, num golpe bem dado,
De eleito do rei me fez desgraçado.
E tu, de meus feitos nobre instrumento,
Mas dum corpo de gelo fútil ornamento,
Aço, ontem temível, e que, na vileza,
Me serviu de farsa, e não de defesa,
Vai, deixa agora o pior dos humanos,
Vai a melhores mãos pra vingar meus anos.

(Entra Don Rodrigo.)

DON DIEGO
Rodrigo, tens coração?

DON RODRIGO
……………………… Tanto que o senhor
Veria nesta ocasião.

DON DIEGO
………………………… Agradável furor!
Digno rancor, tão doce à minha dor espúria!
Reconheço meu sangue nesta nobre fúria;
Revive meu vigor nesta raiva pronta.
Vem, filho, vem, meu sangue, punir a
        afronta;
Vem me vingar.

DON RODRIGO
………….. De quê?

DON DIEGO
………………… Dum insulto brutal,
Que em nossa honra dá um golpe
        mortal:

Um tapa. Ao vilão daria a morte;
Mas meus anos traíram meu querer mais forte:
O aço que meu braço não pode suportar,
Eu entrego ao teu pra punir e vingar.
Contra um arrogante prova que és bravo:
Nada além do sangue lava tal
        desagravo;

Morre ou mata. E, pra não te acariciar,
Eu te dou um homem temível pra lutar:
Eu o vi, coberto de sangue e poeira,
Alastrar o pavor por uma armada inteira.
A cem esquadrões eu o vi abater;
Ademais, há algo que tu deves saber,
Além de guerreiro de bravura plena,
É…

DON RODRIGO
….. Por Deus, conclua.

DON DIEGO
…………………… O pai de Chimena.

DON RODRIGO
O…

DON DIEGO
…… Não me retruques, do teu amor sei bem;
Mas quem vive infame não vale a vida que tem.
Mais caro o agressor, mais forte
        a agressão.

Sabes a afronta, tens a retaliação:
Não digo mais nada. Vinga o nome teu;
Mostra-te bom filho de um pai como eu.
Premido nos males que a sorte me lança,
Eu vou deplorá-los: vai, voa à vingança.

(Sai)

DON RODRIGO
Ferido no coração
Por um golpe fundo, imprevisto, mortal.
Infeliz vingador de um justo rival,
Objeto maldito duma injusta retidão,
Perduro imóvel, a alma abatida,
O golpe me trucida.
Ah, com meu ardor quase ressarcido,
Ó Deus, a estranha pena!
Nesta afronta meu pai é o ofendido,
E o ofensor é o pai de Chimena.

Em rudes lutas me amaço!
Contra a própria honra meu amor
        querela:

Para vingar um pai, perder uma donzela:
Ele arde em meu peito, ela retém meu braço.
Tendo de escolher: ou trair a paixão,
Ou me tornar vilão,
Dos dois lados meu mal não acaba.
Ó Deus, a estranha pena!
Hei de deixar a afronta sem paga?
Hei de cobrar o pai de Chimena?

Pai, donzela, honra, amor,
Nobre e dura coerção, tirania amada,
Os gozos todos mortos, ou a glória manchada.
Um me faz indigno, o outro causa horror.
Cruel esperança d’alma generosa,
Também amorosa,
Inimiga da felicidade,
Que me causa pena,
Vais vingar minha dignidade?
Espada, hás de perder Chimena?

Mais vale correr à destruição.
Devo à minha senhora e ao meu progenitor:
Atraio ao me vingar sua ira e horror;
Atraio sem me vingar a sua aversão.
Um me faz infiel à esperança bela,
E a outra indigno dela.
Meu mal aumenta se o tento vencer;
Tudo dobra a pena.
Vamos, minh’alma; se hei de morrer,
Que morramos sem ofender Chimena.

Morrer sem perder a razão!
Buscar uma morte mortal à minha glória!
Suportar que a Espanha suje minha memória
Por não ter honrado a minha geração!
Respeitar um amor que a alma doída
Vê a perda garantida!
Deixemos este pensar corruptor,
Que só causa pena.
Vai, braço, salva ao menos meu valor,
Pois ao fim perderemos Chimena.

Sim, espírito, foste enganado.
Devo tudo ao meu pai antes que à minha amada:
Morrerás lutando, alma, ou magoada;
Darei meu sangue puro como me foi dado.
Já me acuso a alma negligente e mansa:
Vamos à vingança;
Envergonhado por ter tremido,
Deixemos tal pena,
Porque hoje meu pai é o ofendido,
E o ofensor, é pai de Chimena.

LE COMTE
Enfin vous l’emportez, et la faveur du roi
Vous élève en un rang qui n’était dû qu’à moi :
Il vous fait gouverneur du prince de Castille.

DON DIÈGUE
Cette marque d’honneur qu’il met dans ma famille
Montre à tous qu’il est juste, et fait connaître assez
Qu’il sait récompenser les services passés.

LE COMTE
Pour grands que soient les rois, ils sont ce que nous         sommes :
Ils peuvent se tromper comme les autres hommes ;
Et ce choix sert de preuve à tous les courtisans
Qu’ils savent mal payer les services présents.

DON DIÈGUE
Ne parlons plus d’un choix dont votre esprit s’irrite ;
La faveur l’a pu faire autant que le mérite ;
Mais on doit ce respect au pouvoir absolu,
De n’examiner rien quand un roi l’a voulu.
À l’honneur qu’il m’a fait ajoutez en un autre ;
Joignons d’un sacré nœud ma maison à la vôtre :
Vous n’avez qu’une fille, et moi je n’ai qu’un fils ;
Leur hymen nous peut rendre à jamais plus
        qu’amis :

Faites-nous cette grâce, et l’acceptez pour gendre.

LE COMTE
À des partis plus hauts ce beau fils doit prétendre ;
Et le nouvel éclat de votre dignité
Lui doit enfler le cœur d’une autre vanité.
Exercez-la, Monsieur, et gouvernez le prince :
Montrez-lui comme il faut régir une province,
Faire trembler partout les peuples sous sa loi,
Remplir les bons d’amour, et les méchants d’effroi.
Joignez à ces vertus celles d’un capitaine :
Montrez-lui comme il faut s’endurcir à la peine,
Dans le métier de Mars se rendre sans égal,
Passer les jours entiers et les nuits à cheval,
Reposer tout armé, forcer une muraille,
Et ne devoir qu’à soi le gain d’une bataille.
Instruisez-le d’exemple, et rendez-le parfait,
Expliquant à ses yeux vos leçons par l’effet.

DON DIÈGUE
Pour s’instruire d’exemple, en dépit de l’envie,
Il lira seulement l’histoire de ma vie.
Là, dans un long tissu de belles actions,
Il verra comme il faut dompter des nations,
Attaquer une place, ordonner une armée,
Et sur de grands exploits bâtir sa renommée.

LE COMTE
Les exemples vivants sont d’un autre pouvoir ;
Un prince dans un livre apprend mal son devoir.
Et qu’a fait après tout ce grand nombre d’années
Que ne puisse égaler une de mes journées ?
Si vous fûtes vaillant, je le suis aujourd’hui,
Et ce bras du royaume est le plus ferme appui.
Grenade et l’Aragon tremblent quand ce fer brille ;
Mon nom sert de rempart à toute la Castille :
Sans moi, vous passeriez bientôt sous d’autres lois,
Et vous auriez bientôt vos ennemis pour rois.
Chaque jour, chaque instant, pour rehausser ma
        gloire,

Met lauriers sur lauriers, victoire sur victoire.
Le prince à mes côtés ferait dans les combats
L’essai de son courage à l’ombre de mon bras ;
Il apprendrait à vaincre en me regardant faire ;
Et pour répondre en hâte à son grand caractère,
Il verrait…

DON DIÈGUE
……….. Je le sais, vous servez bien le roi :
Je vous ai vu combattre et commander sous moi.
Quand l’âge dans mes nerfs a fait couler sa glace,
Votre rare valeur a bien rempli ma place ;
Enfin, pour épargner les discours superflus,
Vous êtes aujourd’hui ce qu’autrefois je fus.
Vous voyez toutefois qu’en cette concurrence
Un monarque entre nous met quelque différence.

LE COMTE
Ce que je méritais, vous l’avez emporté.

DON DIÈGUE
Qui l’a gagné sur vous l’avait mieux mérité.

LE COMTE
Qui peut mieux l’exercer en est bien le plus digne.

DON DIÈGUE
En être refusé n’en est pas un bon signe.

LE COMTE
Vous l’avez eu par brigue, étant vieux courtisan.

DON DIÈGUE
L’éclat de mes hauts faits fut mon seul partisan.

LE COMTE
Parlons-en mieux, le roi fait honneur à votre âge.

DON DIÈGUE
Le roi, quand il en fait, le mesure au courage.

LE COMTE
Et par là cet honneur n’était dû qu’à mon bras.

DON DIÈGUE
Qui n’a pu l’obtenir ne le méritait pas.

LE COMTE
Ne le méritait pas ! Moi ?

DON DIÈGUE
……………………. Vous.

LE COMTE
………………………… Ton impudence,
Téméraire vieillard, aura sa récompense.

(Il lui donne un soufflet.)

DON DIÈGUE
Achève, et prends ma vie après un tel affront,
Le premier dont ma race ait vu rougir le front.

LE COMTE
Et que penses-tu faire avec tant de faiblesse ?

DON DIÈGUE
Ô Dieu ! ma force usée en ce besoin me laisse !

LE COMTE
Ton épée est à moi ; mais tu serais trop vain,
Si ce honteux trophée avait chargé ma main.

Adieu : fais lire au prince, en dépit de l’envie,
Pour son instruction, l’histoire de ta vie :
D’un insolent discours ce juste châtiment
Ne lui servira pas d’un petit ornement.

(Il sort.)

DON DIÈGUE
Ô rage ! ô désespoir ! ô vieillesse ennemie !
N’ai-je donc tant vécu que pour cette infamie ?
Et ne suis-je blanchi dans les travaux guerriers
Que pour voir en un jour flétrir tant de lauriers ?
Mon bras, qu’avec respect toute l’Espagne admire,
Mon bras, qui tant de fois a sauvé cet empire,
Tant de fois affermi le trône de son roi,
Trahit donc ma querelle, et ne fait rien pour moi ?
Ô cruel souvenir de ma gloire passée !
Œuvre de tant de jours en un jour effacée !
Nouvelle dignité, fatale à mon bonheur !
Précipice élevé d’où tombe mon honneur !
Faut-il de votre éclat voir triompher le comte,
Et mourir sans vengeance, ou vivre dans la honte ?
Comte, sois de mon prince à présent gouverneur :
Ce haut rang n’admet point un homme sans
        honneur ;

Et ton jaloux orgueil, par cet affront insigne,
Malgré le choix du roi, m’en a su rendre indigne.
Et toi, de mes exploits glorieux instrument,
Mais d’un corps tout de glace inutile ornement,
Fer, jadis tant à craindre, et qui, dans cette offense,
M’as servi de parade, et non pas de défense,
Va, quitte désormais le dernier des humains,
Passe, pour me venger, en de meilleures mains.

(Entre Don Rodrigue.)

DON DIÈGUE
Rodrigue, as-tu du cœur ?

DON RODRIGUE
………………….. Tout autre que mon père
L’éprouverait sur l’heure.

DON DIÈGUE
…………………….. Agréable colère !
Digne ressentiment à ma douleur bien doux !
Je reconnais mon sang à ce noble courroux ;
Ma jeunesse revit en cette ardeur si prompte.
Viens, mon fils, viens, mon sang, viens réparer ma
        honte ;

Viens me venger.

DON RODRIGUE
……………. De quoi ?

DON DIÈGUE
…………………… D’un affront si cruel,
Qu’à l’honneur de tous deux il porte un coup
        mortel :

D’un soufflet. L’insolent en eût perdu la vie ;
Mais mon âge a trompé ma généreuse envie :
Et ce fer que mon bras ne peut plus soutenir,
Je le remets au tien pour venger et punir.
Va contre un arrogant éprouver ton courage :
Ce n’est que dans le sang qu’on lave un tel
        outrage ;

Meurs ou tue. Au surplus, pour ne te point flatter,
Je te donne à combattre un homme à redouter :
Je l’ai vu, tout couvert de sang et de poussière,
Porter partout l’effroi dans une armée entière.
J’ai vu par sa valeur cent escadrons rompus ;
Et pour t’en dire encor quelque chose de plus,
Plus que brave soldat, plus que grand capitaine,
C’est…

DON RODRIGUE
……. De grâce, achevez.

DON DIÈGUE
………………….. Le père de Chimène.

DON RODRIGUE
Le…

DON DIÈGUE
……… Ne réplique point, je connais ton amour ;
Mais qui peut vivre infâme est indigne du jour.
Plus l’offenseur est cher, et plus grande est
        l’offense.

Enfin tu sais l’affront, et tu tiens la vengeance :
Je ne te dis plus rien. Venge-moi, venge-toi ;
Montre-toi digne fils d’un père tel que moi.
Accablé des malheurs où le destin me range,
Je vais les déplorer : va, cours, vole, et nous venge.

(Il sort.)

DON RODRIGUE
Percé jusques au fond du cœur
D’une atteinte imprévue aussi bien que mortelle,
Misérable vengeur d’une juste querelle,
Et malheureux objet d’une injuste rigueur,
Je demeure immobile, et mon âme abattue
Cède au coup qui me tue.
Si près de voir mon feu récompensé,
Ô Dieu, l’étrange peine !
En cet affront mon père est l’offensé,
Et l’offenseur le père de Chimène !

Que je sens de rudes combats !
Contre mon propre honneur mon amour
        s’intéresse :

Il faut venger un père, et perdre une maîtresse :
L’un m’anime le cœur, l’autre retient mon bras.
Réduit au triste choix ou de trahir ma flamme,
Ou de vivre en infâme,
Des deux côtés mon mal est infini.
Ô Dieu, l’étrange peine !
Faut-il laisser un affront impuni ?
Faut-il punir le père de Chimène ?

Père, maîtresse, honneur, amour,
noble et dure contrainte, aimable tyrannie,
Tous mes plaisirs sont morts, ou ma gloire ternie.
L’un me rend malheureux, l’autre indigne du jour.
Cher et cruel espoir d’une âme généreuse,
Mais ensemble amoureuse,
Digne ennemi de mon plus grand bonheur,
Fer qui causes ma peine,
M’es-tu donné pour venger mon honneur ?
M’es-tu donné pour perdre ma Chimène ?

Il vaut mieux courir au trépas.
Je dois à ma maîtresse aussi bien qu’à mon père :
J’attire en me vengeant sa haine et sa colère ;
J’attire ses mépris en ne me vengeant pas.
À mon plus doux espoir l’un me rend infidèle,
Et l’autre indigne d’elle.
Mon mal augmente à le vouloir guérir ;
Tout redouble ma peine.
Allons, mon âme ; et puisqu’il faut mourir,
Mourons du moins sans offenser Chimène.

Mourir sans tirer ma raison !
Rechercher un trépas si mortel à ma gloire !
Endurer que l’Espagne impute à ma mémoire
D’avoir mal soutenu l’honneur de ma maison !
Respecter un amour dont mon âme égarée
Voit la perte assurée !
N’écoutons plus ce penser suborneur,
Qui ne sert qu’à ma peine.
Allons, mon bras, sauvons du moins l’honneur,
Puisqu’après tout il faut perdre Chimène.

Oui, mon esprit s’était déçu.
Je dois tout à mon père avant qu’à ma maîtresse :
Que je meure au combat, ou meure de tristesse,
Je rendrai mon sang pur comme je l’ai reçu.
Je m’accuse déjà de trop de négligence :
Courons à la vengeance ;
Et tout honteux d’avoir tant balancé,
Ne soyons plus en peine,
Puisqu’aujourd’hui mon père est l’offensé,
Si l’offenseur est père de Chimène.

II. A Vingança – Ato IIIo, Cena 4

Apesar das solicitações do Rei, Don Gomes se recusa a dirimir a querela com um pedido de desculpas. Rodrigo o desafia em duelo. O Conde reluta, não querendo tirar a vida do noivo da filha, mas Rodrigo insiste, os dois combatem, e Rodrigo o mata. Ao saber disso, Chimena em desespero roga a Don Sancho, seu pretendente, que vingue seu pai, fiel servidor do Rei. Ela confessa à sua ama, Elvira, que a morte do pai não diminuiu seu amor por Rodrigo, mas afirma o desejo de obter a cabeça de Rodrigo, como exige a honra, ainda que ela venha a morrer de dor. Repentinamente, Rodrigo entra em cena:

DON RODRIGO
Bem! sem que preciseis me buscar e sofrer,
Assegurai-vos da honra de me impedir de viver.

CHIMENA
Elvira, onde estamos, acaso vejo? sim,
Rodrigo em minha casa! Rodrigo ante mim!

DON RODRIGO
Não poupeis meu sangue: gozai com
        confiança,

Gozai minha perda e vossa vingança.

CHIMENA
Ai!

DON RODRIGO
….. Escuta.

CHIMENA
………….. Eu morro.

DON RODRIGO
…………………………. Um instante.

CHIMENA
Vai, deixa-me morrer.

DON RODRIGO
…………………….. Três palavras são bastante:
depois me respondas só com esta espada.

CHIMENA
Como! com o sangue de meu pai encharcada!

DON RODRIGO
Chimena…

CHIMENA
…………… Afasta esta coisa odiosa,
Que mostra teu crime e vida culposa.

DON RODRIGO
Olha-a antes pra irar-te comigo,
Pra acender teu ódio, me dar meu castigo.

CHIMENA
Suja com meu sangue?

DON RODRIGO
………………………….. Mergulha-a
        no meu;
Que ela perca assim as cores do teu.

CHIMENA
Ah! que crueldade, num só dia matar
O pai pelo ferro, a filha pelo olhar!
Afasta esta coisa, não a posso mais ver:
Queres que te escute, e me fazes morrer.

DON RODRIGO
Faço o que tu queres, sob a exigência
Que cesse em tua mão minha vil existência;
Pois enfim não busques em minha afeição
Um covarde remorso por uma boa ação.
A sequela atroz dum calor muito aceso
Desonrou a meu pai, me cobriu de desprezo.
Sabes como um tapa dói no homem
        valente;

Sofri a afronta, busquei meu oponente:
Eu o vi e meu pai e honra fui vingar;
Mataria de novo, se tivesse de matar.
Não é que contra mim e meu pai meu amor
Por ti não se tenha oposto com
        fervor;

Julga o seu poder: em tal humilhação
Pude deliberar pela vingança ou não.
Ou te desagradar, ou sofrer a afronta,
Pensei que minha mão estaria pronta;
Eu me acusava de muita inflamação;
Tua beleza, sim, movia-me o coração,
Mas opondo ao teu mais forte apelo
Que um homem sem brio não vale teu zelo;
Que o mesmo amor a um bravo dado,
Viraria ódio por um aviltado;
Que ouvir teu amor, seguir teu coração,
Me faria, indigno, trair tua eleição.
Eu te digo ainda; mesmo a suspirar,
No suspiro final hei de enfatizar:
Te fiz uma ofensa, e tive de fazer,
Contra a vergonha e pra te merecer;
Mas quitada a honra e quitado meu
        pai,

Hoje quitar a ti a minha alma vai:
Pra te dar meu sangue vim a ti, me atrevo.
Eu fiz o que devia, faço o que devo.
Sei que um pai morto, traz ira legítima;
Jamais quis te roubar esta tua vítima:
Imola com força no sangue que lhe vazou
Quem viveu a glória quando o derramou.

CHIMENA
Ah, inimigo meu, Rodrigo, verdade
Não te culpo fugir à indignidade;
E seja como for que me estalem as dores,
De modo algum te acuso, choro meus horrores.
Eu bem sei que a honra, num tal aviltamento,
Pedia à coragem um furor violento :
Como um homem de bem cumpriste o dever teu;
Mas assim fazendo, ensinaste-me o meu.
Teu funesto valor me mostrou tua vitória ;
Ela vingou teu pai, sustentou tua glória :
Tenho o mesmo dever e tenho a me angustiar
A glória a manter, meu pai para vingar.
Ai! a tua causa aqui me apavora :
Tivesse outra sorte me tomado o pai agora
Minh’alma encontraria no bem que é te ver
O único alívio que poderia ter ;
E contra minha dor sentiria encantos,
Com tua mão cara colhendo meus prantos.
Mas devo perder-te após te ter perdido ;
Vencer minha paixão à honra é devido;
E este atroz dever, ordem que me assassina,
Me força a trabalhar, eu, por tua ruína.
Pois enfim não busques em minha afeição
Covardes sentimentos por tua punição.
Por mais que nosso amor me incline a teu favor
Devo com meu ardor responder teu ardor:
Tu, ao me ofenderes, te fez digno de mim;
Eu, por tua morte, me farei digna assim.

DON RODRIGO
Não negues à honra o que ela ordenou:
Quer minha cabeça, e ela eu te dou;
Faz um sacrifício a tão nobre dever:
O golpe será doce, e também perecer.
Confiar meu crime à lenta expiação,
Adia tua glória e minha aflição
Morreria feliz dum golpe tão
        belo.

CHIMENA
Vai, sou quem te acusa e não teu flagelo.
Se me dás a cabeça, cabe a mim tomá-la?
Eu a atacarei, mas tu deves salvá-la;
De outro que não tu eu a hei de tomar,
Devo te perseguir e não te castigar.

DON RODRIGO
Mesmo que em meu favor te incline nosso amor,
Deves com teu ardor responder meu ardor;
E pra vingar um pai outro braço emprestar,
Creia-me, Chimena, isso não é vingar:
Minha mão sozinha vingou a agressão,
À tua sozinha cabe a retaliação.

CHIMENA
Cruel! Neste ponto por que se obstinar?
Usaste só tua mão e tua mão queres dar!
Seguirei teu exemplo, também amo a vitória
E não te cederei parte em minha glória.
Meu pai, minha honra, nada hão de dever
Aos tratos do teu amor nem do teu padecer.

DON RODRIGO
Rigorosa honra!, ai!, por mais que
        faça,

Não poderei ao fim obter esta graça?
Em nome dum pai morto, ou da nossa amizade,
Pune-me por vingança, ou por piedade.
Teu infeliz amante terá bem menos dor
Morto por tua mão que vivo em teu rancor.

CHIMENA
Vai, eu não te odeio.

DON RODRIGO
…………………….. Tu deves.

CHIMENA
…………………………………. Não posso.

DON RODRIGO
Temes tão pouco a culpa, boatos do fado nosso?
Ao saberem meu crime, e que teu ardor dura,
Quanto publicarão a inveja, a impostura!
Força-as ao silêncio, e, sem mais discorrer,
Salva teu renome fazendo-me morrer.

CHIMENA
Ele fulgura mais deixando-te a vida
E eu quero que a voz da inveja doída
Erga ao céu minha glória e lamente comigo,
Sabendo que te amo e que eu te persigo.
Parte, não mostres mais à minha extrema dor
O que devo perder, mesmo sendo meu amor.
Na sombra da noite esconde teu partir:
Se virem que tu sais, minha honra hão de ruir.
A única opção pra quem semeia a ofensa,
Será saber que aqui sofri tua presença:
Não lhes dê por onde aviltar minha vida.

DON RODRIGO
Ai, eu morro!

CHIMENA
…………..Parte!

DON RODRIGO
………………….. A quê estás resolvida?

CHIMENA
Malgrado o fogo belo que da ira me sai,
Farei meu possível para vingar meu pai;
Mas malgrado o rigor dum tão cruel dever,
Meu único anseio é de nada poder.

DON RODRIGO
Ó milagre de amor!

CHIMENA
…………………… Ó que abominação!

DON RODRIGO
Quanta dor e choro nossos pais nos
        custarão!

CHIMENA
Rodrigo, quem diria?

DON RODRIGO
………………….. Chimena, como crer?

CHIMENA
Que a hora, ao chegar, iria se perder?

DON RODRIGO
Que tão perto do porto, em clara bonança,
Um tufão mataria a nossa esperança?

CHIMENA
Ah! dor mortífera!

DON RODRIGO
…………………… Ah, lamentos em vão!

CHIMENA
Vai, já não te escuto, é muita aflição.

DON RODRIGO
Adeus: vou arrastar uma vida matada,
Até que em tua busca me seja arrancada.

CHIMENA
Se tiver o que quero, tem por prometido:
Não mais respirarei quando tiveres ido.
Adeus: sai, e cuida bem pra que não te vejam.

ELVIRA
Senhora, que males os céus nos despejam…

CHIMENA
Não me importunes mais, deixa-me suspirar,
eu busco o silêncio, a noite pra chorar.

*

DON RODRIGUE
Eh bien ! sans vous donner la peine de poursuivre,
Assurez-vous l’honneur de m’empêcher de vivre.

CHIMÈNE
Elvire, où sommes-nous, et qu’est-ce que je voi ?
Rodrigue en ma maison ! Rodrigue devant moi !

DON RODRIGUE
N’épargnez point mon sang : goûtez sans
        résistance

La douceur de ma perte et de votre vengeance.

CHIMÈNE
Hélas !

DON RODRIGUE
……….. Écoute-moi.

CHIMÈNE
……………………… Je me meurs.

DON RODRIGUE
……………………………………… Un moment.

CHIMÈNE
Va, laisse-moi mourir.

DON RODRIGUE
………………………….. Quatre mots seulement :
Après ne me réponds qu’avecque cette épée.

CHIMÈNE
Quoi ! du sang de mon père encor toute trempée !

DON RODRIGUE
Ma Chimène…

CHIMÈNE
…………………….. Ôte-moi cet objet odieux,
Qui reproche ton crime et ta vie à mes yeux.

DON RODRIGUE
Regarde-le plutôt pour exciter ta haine,
Pour croître ta colère, et pour hâter ma peine.

CHIMÈNE
Il est teint de mon sang.

DON RODRIGUE
………………………………… Plonge-le dans le mien,
Et fais-lui perdre ainsi la teinture du tien.

CHIMÈNE
Ah ! quelle cruauté, qui tout en un jour tue
Le père par le fer, la fille par la vue !
Ôte-moi cet objet, je ne puis le souffrir :
Tu veux que je t’écoute, et tu me fais mourir !

DON RODRIGUE
Je fais ce que tu veux, mais sans quitter l’envie
De finir par tes mains ma déplorable vie ;
Car enfin n’attends pas de mon affection
Un lâche repentir d’une bonne action.
L’irréparable effet d’une chaleur trop prompte
Déshonorait mon père, et me couvrait de honte.
Tu sais comme un soufflet touche un homme de
        cœur ;

J’avais part à l’affront, j’en ai cherché l’auteur :
Je l’ai vu, j’ai vengé mon honneur et ;
Je le ferais encor, si j’avais à le faire.
Ce n’est pas qu’en effet contre mon père et moi
Ma flamme assez longtemps n’ait combattu
        pour toi ;

Juge de son pouvoir : dans une telle offense
J’ai pu délibérer si j’en prendrais vengeance.
Réduit à te déplaire, ou souffrir un affront,
J’ai pensé qu’à son tour mon bras était trop prompt ;
Je me suis accusé de trop de violence ;
Et ta beauté sans doute emportait la balance,
À moins que d’opposer à tes plus forts appas
Qu’un homme sans honneur ne te méritait pas ;
Que malgré cette part que j’avais en ton âme,
Qui m’aima généreux me haïrait infâme ;
Qu’écouter ton amour, obéir à sa voix,
C’était m’en rendre indigne et diffamer ton choix.
Je te le dis encore ; et quoique j’en soupire,
Jusqu’au dernier soupir je veux bien le redire :
Je t’ai fait une offense, et j’ai dû m’y porter
Pour effacer ma honte, et pour te mériter ;
Mais quitte envers l’honneur, et quitte envers
        mon père,

C’est maintenant à toi que je viens satisfaire :
C’est pour t’offrir mon sang qu’en ce lieu tu me vois.
J’ai fait ce que j’ai dû, je fais ce que je dois.
Je sais qu’un père mort t’arme contre mon crime ;
Je ne t’ai pas voulu dérober ta victime :
Immole avec courage au sang qu’il a perdu
Celui qui met sa gloire à l’avoir répandu.

CHIMÈNE
Ah ! Rodrigue, il est vrai, quoique ton ennemie,
Je ne te puis blâmer d’avoir fui l’infamie ;
Et de quelque façon qu’éclatent mes douleurs,
Je ne t’accuse point, je pleure mes malheurs.
Je sais ce que l’honneur, après un tel outrage,
Demandait à l’ardeur d’un généreux courage :
Tu n’as fait le devoir que d’un homme de bien ;
Mais aussi, le faisant, tu m’as appris le mien.
Ta funeste valeur m’instruit par ta victoire ;
Elle a vengé ton père et soutenu ta gloire :
Même soin me regarde, et j’ai, pour m’affliger,
Ma gloire à soutenir, et mon père à venger.
Hélas ! ton intérêt ici me désespère :
Si quelque autre malheur m’avait ravi mon père,
Mon âme aurait trouvé dans le bien de te voir
L’unique allégement qu’elle eût pu recevoir ;
Et contre ma douleur j’aurais senti des charmes,
Quand une main si chère eût essuyé mes larmes.
Mais il me faut te perdre après l’avoir perdu ;
Cet effort sur ma flamme à mon honneur est dû ;
Et cet affreux devoir, dont l’ordre m’assassine,
Me force à travailler moi-même à ta ruine.
Car enfin n’attends pas de mon affection
De lâches sentiments pour ta punition.
De quoi qu’en ta faveur notre amour m’entretienne,
Ma générosité doit répondre à la tienne :
Tu t’es, en m’offensant, montré digne de moi ;
Je me dois, par ta mort, montrer digne de toi.

DON RODRIGUE
Ne diffère donc plus ce que l’honneur t’ordonne :
Il demande ma tête, et je te l’abandonne ;
Fais-en un sacrifice à ce noble intérêt :
Le coup m’en sera doux, aussi bien que l’arrêt.
Attendre après mon crime une lente justice,
C’est reculer ta gloire autant que mon supplice.
Je mourrai trop heureux, mourant d’un coup
        si beau.

CHIMÈNE
Va, je suis ta partie, et non pas ton bourreau.
Si tu m’offres ta tête, est-ce à moi de la prendre ?
Je la dois attaquer, mais tu dois la défendre ;
C’est d’un autre que toi qu’il me faut l’obtenir,
Et je dois te poursuivre, et non pas te punir.

DON RODRIGUE
De quoi qu’en ma faveur notre amour t’entretienne,
Ta générosité doit répondre à la mienne ;
Et pour venger un père emprunter d’autres bras,
Ma Chimène, crois-moi, c’est n’y répondre pas :
Ma main seule du mien a su venger l’offense,
Ta main seule du tien doit prendre la vengeance.

CHIMÈNE
Cruel ! à quel propos sur ce point t’obstiner ?
Tu t’es vengé sans aide, et tu m’en veux donner !
Je suivrai ton exemple, et j’ai trop de courage
Pour souffrir qu’avec toi ma gloire se partage.
Mon père et mon honneur ne veulent rien devoir
Aux traits de ton amour ni de ton désespoir.

DON RODRIGUE
Rigoureux point d’honneur ! hélas ! quoi que je
        fasse,

Ne pourrai-je à la fin obtenir cette grâce ?
Au nom d’un père mort, ou de notre amitié,
Punis-moi par vengeance, ou du moins par pitié.
Ton malheureux amant aura bien moins de peine
À mourir par ta main qu’à vivre avec ta haine.

CHIMÈNE
Va, je ne te hais point.

DON RODRIGUE
……………………………….. Tu le dois.

CHIMÈNE
…………………………………………….. Je ne puis.

DON RODRIGUE
Crains-tu si peu le blâme, et si peu les faux bruits ?
Quand on saura mon crime, et que ta flamme dure,
Que ne publieront point l’envie et l’imposture !
Force-les au silence, et, sans plus discourir,
Sauve ta renommée en me faisant mourir.

CHIMÈNE
Elle éclate bien mieux en te laissant la vie ;
Et je veux que la voix de la plus noire envie
Élève au ciel ma gloire et plaigne mes ennuis,
Sachant que je t’adore et que je te poursuis.
Va-t’en, ne montre plus à ma douleur extrême
Ce qu’il faut que je perde, encore que je l’aime.
Dans l’ombre de la nuit cache bien ton départ :
Si l’on te voit sortir, mon honneur court hasard.
La seule occasion qu’aura la médisance,
C’est de savoir qu’ici j’ai souffert ta présence :
Ne lui donne point lieu d’attaquer ma vertu.

DON RODRIGUE
Que je meure !

CHIMÈNE
……………………. Va-t’en.

DON RODRIGUE
…………………………………. À quoi te résous-tu ?

CHIMÈNE
Malgré des feux si beaux, qui troublent ma colère,
Je ferai mon possible à bien venger mon père ;
Mais malgré la rigueur d’un si cruel devoir,
Mon unique souhait est de ne rien pouvoir.

DON RODRIGUE
Ô miracle d’amour !

CHIMÈNE
…………………………. Ô comble de misères !

DON RODRIGUE
Que de maux et de pleurs nous coûteront
        nos pères !

CHIMÈNE
Rodrigue, qui l’eût cru ?

DON RODRIGUE
……………………………. Chimène, qui l’eût dit ?

CHIMÈNE
Que notre heur fût si proche et sitôt se perdît ?

DON RODRIGUE
Et que si près du port, contre toute apparence,
Un orage si prompt brisât notre espérance ?

CHIMÈNE
Ah ! mortelles douleurs !

DON RODRIGUE
……………………………….. Ah ! regrets superflus !

CHIMÈNE
Va-t’en, encore un coup, je ne t’écoute plus.

DON RODRIGUE
Adieu : je vais traîner une mourante vie,
Tant que par ta poursuite elle me soit ravie.

CHIMÈNE
Si j’en obtiens l’effet, je t’engage ma foi
De ne respirer pas un moment après toi.
Adieu : sors, et surtout garde bien qu’on te voie.

ELVIRA
Madame, quelques maux que le ciel nous envoie…

CHIMÈNE
Ne m’importune plus, laisse-moi soupirer,
Je cherche le silence et la nuit pour pleurer.

*