O pai das artes visuais
Giorgio Vasari - 1568 d.C.
Uma vez que o desenho, o pai das nossas três artes – arquitetura, escultura e pintura –, procedendo do intelecto, extrai de muitas coisas um juízo universal, uma espécie de forma ou ideia de todas as coisas da natureza, a qual é singularíssima nas suas medidas, segue-se que não somente dos corpos humanos e dos animais, mas também das plantas e dos edifícios, das esculturas e das pinturas, ele conhece as proporções que o todo guarda com as partes, e as que guardam as partes entre si e com o todo em conjunto; e uma vez que desta cognição nasce uma certa concepção ou juízo, e que se forma na mente aquela coisa que, exprimida depois com as mãos, se chama desenho, pode-se concluir que o desenho outra coisa não é que uma aparente expressão e declaração do conceito que se tem na alma, ou daquilo que outras pessoas imaginaram em suas mentes e produziram em ideia. E daqui porventura nasce aquele provérbio dos gregos “Da unha um leão”, quando um certo homem magnânimo, vendo esculpida num bloco uma única unha de um leão, compreendeu com o intelecto, através daquela medida e daquela forma, cada uma das partes do animal e depois o todo em conjunto, como se estivesse ali presente ante seus olhos.